Divulgação: Migrantes cortadores de cana-de-açúcar no Paraná: práticas cotidianas e processos de territorialização em meio ao trabalho precário

Luana Furtado Vilas Boas

Elisa Yoshie Ichikawa

A partir da perspectiva de Michel de Certeau sobre o estudo do cotidiano, buscamos compreender neste artigo como ocorrem as práticas cotidianas de territorialização de trabalhadores alagoanos, cortadores de cana-de-açúcar, que, em meio ao trabalho precário, migram para trabalhar em usinas no Paraná. Os trabalhadores, selecionados pela própria empresa, migram na entressafra da cana, permanecendo, em média, de oito a dez meses nas cidades de destino, morando durante este período em alojamentos coletivos das usinas, pensões ou em casas alugadas. É importante observar que essas pessoas, muitas vezes vistas como mão de obra barata, convivem diariamente com o silenciamento das suas condições sociais e de vida, sendo praticamente invisíveis aos olhos da sociedade.

 A esse homem “invisível” Certeau (1998) dá o nome de homem ordinário, que neste estudo, é representado pelo migrante cortador de cana. É possível dizer que esse homem ordinário possui práticas cotidianas responsáveis pelo processo de ressignificação do espaço vivido; ou seja, estando em um novo espaço, é necessário torná-lo “seu”, ou melhor, territorializar. Entretanto, é possível observar que a territorialização desses migrantes é um processo heterogêneo, decorrente de ações dos mais diversos sujeitos, cada qual com seu modo de organização e é no cotidiano, seja no trabalho, na cidade ou no bairro em que vão morar, em decorrência das práticas cotidianas desses sujeitos, que a territorialização acontece.

Utilizando o método da história de vida para a coleta de dados, realizamos entrevistas com alguns trabalhadores migrantes. A análise foi realizada tendo por base as narrativas dos entrevistados e por meio de um recorte analítico e num diálogo constante com as teorias utilizadas, procuramos apreender suas ações cotidianas de territorialização. Pudemos entender que esses trabalhadores migram em busca de condições melhores de vida e de renda. No entanto, territorializar em um novo espaço não é fácil. Assim, em meio ao conformismo e às resistências, observamos um emaranhado na formação de redes, nas relações sociais, nas práticas de conveniências, táticas e estratégias, que permitiram a ressignificação daquele novo espaço e da construção da territorialização desses trabalhadores. A análise permitiu identificar ainda o quanto o cotidiano desses sujeitos é repleto de lutas, além de divisões territoriais, com movimentos constantes de aproximações e distanciamentos, divergências e convergências. Sendo assim, percebemos o quanto esse processo de territorialização é complexo, ainda mais no contexto de trabalho precário vividos por esse grupo de trabalhadores.

Referências:

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano (1. Artes de fazer). 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

Para acessar o artigo completo, clique no link:

http://www.spell.org.br/documentos/ver/56940/migrantes-cortadores-de-cana-de-acucar-no-parana–praticas-cotidianas-e-processos-de-territorializacao-em-meio-ao-trabalho-precario/i/pt-br

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