
Transcrição e resumo por
Karina Rossetto Obrzut
O professor Dr. Ivo Pereira de Queiroz inicia tratando sobre a questão histórica que tange o racismo. Segundo ele, o nosso país foi construído por meio da mão-de-obra de africanos, os quais eram trazidos à força da África para o Brasil e escravizados. Com o passar dos anos, apesar das transformações sociais, o lugar reservado aos negros foi o de exclusão, à margem de nossa sociedade.
Nesse sentido, o professor comenta que o racismo, atualmente, é colocado como algo que as pessoas não querem enxergar e falar a respeito, pois causa desconforto. Sendo assim, o negro não é visto e, quando isso ocorre, é com o olhar de suspeita e desconfiança. Ele aponta que a negação do racismo colabora para a sua manutenção, bem como naturaliza as práticas racistas.
Para os negros, prossegue o professor, essas práticas veladas resultam em um sujeito que internaliza um empenho em tentar constantemente se adaptar, adotando medidas extremas para isso. O entrevistado cita, como exemplo, um caso ocorrido na Jamaica, no qual foi noticiado que havia sido criada uma pomada com a promessa de “embranquecer” a pele negra. De origem duvidosa, as próprias mães passavam o produto em seus bebês.
Por conseguinte, Queiroz trata sobre as cotas das universidades, ressaltando que essa política apenas minimiza a exclusão social que afeta os negros. Além disso, chama a atenção para o fato de que, nas universidades, há muitos negros, porém, é preciso analisar o que eles fazem lá: estão responsáveis pela manutenção do espaço ou são discente e docentes? Ele argumenta que isso se deve ao estereótipo que se construiu, no Brasil, sobre essa população, sendo vista como aquela que deve permanecer na favela. O resultado dessa realidade, de acordo com o professor, é que, no mercado de trabalho, o negro é posto para desempenhar as funções que os demais rejeitam.
Para encerrar a sua entrevista, Queiroz afirma que não quer um Brasil menos injusto, mas, sim, um Brasil com 0% de injustiça, pois a sua ocorrência não é aceitável em nenhum nível.
Confira a entrevista completa:
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