
Transcrição e Resumo por
Karina Rossetto Obrzut
De acordo com o Dr. Giovanni Alves, o modo de produção capitalista industrial, apesar das diversas transformações às quais foi submetido no decorrer dos anos, ainda preserva a sua essência. Os trabalhadores, diz ele, continuam sendo explorados, produzindo riquezas que são apropriadas pela classe capitalista. Nesse sentido, está o capitalismo manipulatório, caracterizado por ser a forma mais radical de manifestação desse sistema, uma vez que é quando o capitalismo começa a manipular as profundezas da alma do indivíduo.
O professor prossegue explicando que a manipulação ocorre de forma reflexiva, ancorada na dimensão da linguagem, e cita como exemplo a substituição do termo ‘funcionário’ por ‘colaborador’ nos discursos das organizações. Essa alteração gera uma noção de que o trabalhador não possui mais o direito de questionar os valores da empresa, bem como realizar greves ou qualquer outro ato que vá contra a lógica de produção capitalista, visto que a colaboração pressupõe bem-estar ao indivíduo e harmonia social.
Assim sendo, Alves argumenta que a captura da subjetividade constitui um traço essencial do capitalismo manipulatório, reduzindo o sujeito somente ao seu emprego, de modo que toda a sua vida é planejada a partir do trabalho. Além disso, ressalta que a atual configuração do emprego construiu uma narrativa de incerteza e insegurança, pois o trabalhador pode estar contratado em um dia e ser demitido no outro, o deixando à mercê do mercado. Como consequência, a sua vida acaba sendo desestruturada e quadros de depressão e ansiedade podem surgir.
Outro ponto tocado pelo professor diz respeito ao trabalho alienado, que é quando o trabalho se torna uma atividade estranhada e dominatória. Segundo ele, dentro dessa situação, já não é mais possível estabelecer um limite entre a vida pessoal e a profissional do indivíduo, pois o seu tempo de lazer acaba sendo engolido por atividades de sua ocupação, sendo essa a lógica da captura da subjetividade.
Alves finaliza enfatizando que esse cenário se torna uma forma de violência contra o trabalhador, no sentido de que ele perde a noção de si mesmo e de seus laços humanos e familiares, como também não encontra mais um propósito para a sua vida e, em seus raros momentos livres, quer apenas esquecer quem é para fugir de sua realidade.
Confira a entrevista completa:
O Nuevo Debate é uma parceria com a UFPR TV e tem como objetivo a divulgação de entrevistas de acadêmicos e pesquisadores, com a finalidade de popularizar o conhecimento científico.
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