NUEVO Debate – Violência na Vida Acadêmica, com o professor Dr. Ariston Azevêdo

Imagem retirada do site JRMCoaching.com (15 ago. 2019)

Transcrição e resumo por

Karina Rossetto Obrzut

O Dr. Ariston Azevêdo inicia tratando sobre o significado de vida acadêmica, a qual é encarada, pela maioria dos indivíduos, como somente uma formação universitária que visa a capacitação profissional para o mercado de trabalho. Todavia, diz ele, esse momento vai muito além da visão utilitarista e é permeado por diversas relações, tanto prazerosas, quanto conflituosas, encontros, desencontros e afinidades intelectivas e afetivas que são construídas pelos discentes e docentes.

O professor prossegue refletindo sobre o que é ser docente do ensino superior brasileiro, enfatizando que, antes de qualquer outra resposta, é uma devoção. Ele explica que, ao contrário do senso comum, os profissionais de instituições privadas enfrentam inúmeras dificuldades no exercício de suas atividades, pois se usufruem de uma melhor qualidade estrutural, padecem de liberdade em sua docência devido ao modo mais autocrático com que operam essas instituições. Já nas instituições públicas, Azevêdo aponta que há uma abertura maior para a tomada de decisões dentro do modo democrático, entretanto, frisa que não se pode ignorar que elas comportam uma elite dominante, intelectual ou econômica, a qual não é um sinônimo de harmonia.

Além disso, o educador toca na questão de como a ideia do ensino superior ser um preparatório para a vida profissional reflete no professor. Segundo ele, essa noção cria estudantes que entram nas salas de aula e esperam que seja oferecida a sua ferramenta de trabalho e, de modo ansioso, aguardam que o professor demonstre como operacionalizá-la. Dessa forma, ao docente reservou-se apenas o plano da explicação, pairando as suas reflexões no plano da técnica e não avançando para níveis de maior abstração, como a ciência e a tecnologia.

Essa perspectiva, de acordo com o entrevistado, também reproduz, no âmbito acadêmico, o intento capitalista vivenciado em nossa sociedade. Conforme diz Azevêdo, a preocupação em formar docentes, na pós-graduação strictus sensus, foi abandonada, e o foco está exclusivamente na formação de pesquisadores, uma vez que estes são direcionados ao produtivismo de textos acadêmicos para elevar a produção de ciência em nosso país, não importando a qualidade do material.

Para concluir, o professor indica que a saída para essa situação parte do questionamento “o que é formar?”, passando por uma revisão de tudo o que tem sido feito, e também está em uma mudança nos próprios docentes, os quais devem apresentar o sistema com todas as suas facetas aos discentes que, por sua vez, devem sempre exercitar a criticidade.

Confira a entrevista completa:

O Nuevo Debate é uma parceria com a UFPR TV e tem como objetivo a divulgação de entrevistas de acadêmicos e pesquisadores, com a finalidade de popularizar o conhecimento científico.

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