
Transcrição e resumo por
Karina Rossetto Obrzut
Segundo a professora Dra. Maria Rosa Lombardi, primeiramente, é interessante distinguir feminilização de feminização. O primeiro, diz ela, está relacionado com o número de mulheres dentro de uma determinada ocupação profissional, já o segundo traz uma visão ampliada desse aspecto, tocando nas modificações culturais, comportamentais e psicológicas que ocorrem nos espaços dominados por homens, em que as mulheres se inserem.
Nesse sentido, prossegue a professora, apesar de mais de 50% da população feminina estar economicamente ativa nos dias atuais, é importante ressaltar que se a mulher se inseriu no universo historicamente relegado ao homem, o inverso não ocorreu e as tarefas domésticas continuam imbuídas somente a elas. Dessa forma, argumenta que as próprias organizações perpetuam essa realidade ao continuarem exigindo uma disponibilidade de tempo do candidato que, ideologicamente, só é possível ao homem, uma vez que ele sempre possuiu uma figura feminina, como a esposa, para administrar as demais áreas de sua vida.
Desse modo, a entrevistada explica que as mulheres precisam estar constantemente aceitando absolutamente todas as solicitações profissionais que a empresa realizar, ignorando o fato da sobrecarga de tarefas, na tentativa de provarem o seu valor profissional. Assim sendo, Lombardi destaca que um dos reflexos disso é o silêncio perante situações de assédio moral, por exemplo, para não comprometer a conquista de determinado cargo e, também, pela dificuldade em identificar essas práticas violentas, pois já estão naturalizadas nesse ambiente.
Por fim, para mudar esse cenário, a professora aponta que o primeiro passo deve ser a conscientização. Nessa perspectiva, defende que, a medida em que tanto elas, quanto eles, conseguirem visibilizar as situações de violência vivenciadas, devem ser criadas ações coletivas para promover formas de reverter os quadros identificados.
Confira a entrevista completa:
O Nuevo Debate é uma parceria entre a UFPR TV e tem como objetivo a divulgação de entrevistas de acadêmicos e pesquisadores, com a finalidade de popularizar o conhecimento científico.
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