
Resumo e Transcrição por
Karina Rossetto Obrzut
Segundo a professora Dra. Andréa Kominek, o racismo estrutural pode ser caracterizado como a tendência a naturalizar práticas racistas e preconceituosas nos valores e ideais que são transmitidos entre gerações. Na sociedade brasileira, diz ela, isso foi uma construção histórica com a intenção de subjugar a população negra, retirada violentamente da África e alocada no Brasil com vistas à exploração de sua mão-de-obra e incorporação, pelos portugueses, de seus conhecimentos mais avançados, como a metalurgia.
A professora prossegue tratando sobre como esse cenário reflete nas lutas atuais desse grupo. Destaca que nas escolas, por muito tempo, a única representação que os alunos tiveram do negro eram as figuras dos escravizados, torturados e com roupas maltrapilhas, bem como a abordagem errônea da Lei Aurea. Kominek enfatiza que esse conteúdo, muitas vezes, é levado para a sala de aula pitando a Princesa Isabel como a heroína dos escravos, tendo assinado a Lei Aurea por compadecimento em relação ao sofrimento deles, e não por pressão política e econômica. Ela aponta que isso resulta em estudantes com percepções distorcidas sobre a história do Brasil e colabora com a manutenção de estruturas racistas.
Outro ponto comentado é sobre o impedimento de que negros se reconheçam como tal. Um exemplo dado pela entrevistada diz respeito a grande quantidade de shampoos que trazem como foco a retirada do volume e o alisamento de fios, transformando o cabelo brasileiro em um cabelo europeu. Nesse sentido, argumenta que muitos passam a vida inteira fingindo ser quem não são, e outros só conseguem encontrar a sua verdadeira identidade após sofrerem algum tipo de preconceito ou exclusão, o que é um processo doloroso e violento.
Por fim, Kominek defende que a chave para o combate ao racismo estrutural está nas pesquisas e em mudanças sociais. É necessário gerar dados sobre a participação da população negra nos diferentes âmbitos da sociedade, assim como abrir espaço e dar visibilidade para os movimentos negros, fortalecendo suas lutas, e também verificar o cumprimento de leis que garantem o ensino de questões indígenas e da africanidade no ensino básico e superior.
Confira a entrevista completa:
O Nuevo Debate é uma parceria entre a UFPR TV e tem como objetivo a divulgação de entrevistas de acadêmicos e pesquisadores, com a finalidade de popularizar o conhecimento científico.
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