
Resumo e Transcrição por
Karina Obrzut Rossetto
A professora e pesquisadora Dra. Juliana Cristina Teixeira inicia o debate chamando atenção para a dicotomia entre intolerância e tolerância. Conforme expõe, a palavra tolerar possui contornos densos, uma vez que o indivíduo tolera aquilo que enxerga como muito diferente ou depreciativo, sendo impossível aceitar e acolher, somente tolerar.
Assim sendo, intolerância associada à cor de pele é algo que foi construído historicamente em nosso país, com a ciência sendo muito utilizada em favor dos interesses colonialistas ao postular a diferenciação entre raças e a tese de que uma seria melhor do que a outra. Dessa forma, diz ela, a cor de pele se tornou um elemento utilizado para impor inferioridade e superioridade em nossa sociedade, com os negros ocupando a posição de incapacidade intelectual e deturpação de aspectos morais.
Nesse sentido, Teixeira observa que essa construção negativa gera, entre algumas violências, o racismo estrutural, interpessoal e o institucionalizado. Segundo explica, o racismo estrutural é dado na forma como a sociedade brasileira foi constituída a partir da base escravocrata que, hoje, reflete nas desigualdades socioeconômicas do Brasil. Já o interpessoal é visível nas relações pessoais, muito por meio da violência psicológica. O racismo institucionalizado, por sua vez, é aquele que permite ao Estado eliminar corpos negros.
A pesquisadora também trata sobre as questões raciais no contexto organizacional, apontando que o mercado de trabalho reserva, aos negros, sempre os postos de trabalho mais precários. Em relação à mulher negra, ressalta como as instituições impõem um padrão eurocêntrico de beleza, obrigando as trabalhadoras a alisarem seus cabelos para serem consideradas competentes em seu cargo. Por fim, a professora defende que é preciso provocar tensão e incômodo nas estruturas da sociedade para que ocorra uma ruptura nos poderes que legitimam a intolerância e o cenário melhore.
Confira a entrevista completa:
O Nuevo Debate é uma parceria entre a UFPR TV e tem como objetivo a divulgação de entrevistas de acadêmicos e pesquisadores, com a finalidade de popularizar o conhecimento científico.
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